terça-feira, agosto 26, 2003

Recebi isso e achei muito interessante:

QUER SABER PORQUE O BRASILEIRO NÃO TEM ESTIMA? TEM BAIXA AUTO-ESTIMA?

Como vocês sabem, estou nos Estados Unidos da América participando de um projeto ultra secreto. Meu disfarce aqui é de Au Pair, ou seja babá e estudante. Ao cuidar de uma das meninas de quem eu "teoricamente" tomo conta, uma vez cantei "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a musica que ela sempre pede para eu cantar ao colocá-la para dormir. Antes de adotarmos o "boi, boi, boi" como canção de ninar, a canção que cantávamos (em Inglês) dizia algo como: Boa noite, linda menina, durma bem. Sonhos doces venham para você, sonhos doces por toda noite"...

Eis que Catlin me pergunta o que as palavras em Português da música "Boi da cara preta" queriam dizer em Inglês: "Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta..."

Como eu ia explicar para ela e dizer que na verdade, a música "boi da cara preta" era uma ameaça horrorosa e mordaz? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina que tem medo até de uma inocente careta?

Tive que mentir para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis porque não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite...

Que tal: "nana neném que a cuca vai pegar..." ? Caramba, outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!

Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri toda a origem dos problemas do Brasil. O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa. Por que isso acontece? Trauma de infância! Trauma causado pelas canções da infância.

Explicar-lhes-ei! Me dei conta que as músicas infantis brasileiras são extremamente trágicas! Ai está a gênese de toda
baixa estima do brasileiro... Nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos.

Exemplificarei minha tese:

" Atirei o pau no gato-to
Mas o gato não morreu-reu-reu
Dona Chica-ca admirou-se-se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau !"

Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito pelos animais (pobre gato) e crueldade (por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa?). E para acentuar a gravidade, ainda relata o masoquismo dessa mulher sob a alcunha de "D. Chica". Uma vergonha!

"Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré deci.

Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré deci. "

Colocando a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces faz com que os brasileiros tenham como algo normal essa (não) distribuição de renda vergonhosa que condena muitos a miséria e agracia pouquíssimos com uma riqueza exorbitante.

"Vem cá, Bitu ! vem cá, Bitu !
Vem cá, meu bem, vem cá !
Não vou lá ! Não vou lá , Não vou lá!
Tenho medo de apanhar."

Medo! Sim, medo! Por causa desse tipo de canção os brasileiros não sentem que estão tendo sua liberdade destruída pela violência. Os brasileiros convivem com o medo como se fosse algo normal...

"Marcha soldado,
Cabeça de papel !
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel."

De novo, ameaça. Autoritarismo e abuso de poder escondidos em versos aparentemente inofensivos...

"A canoa virou,
Deixá-la virar,
Por causa da (nome de pessoa)
Que não soube remar."

Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a apontar o dedo e condenar um semelhante. Colocar a culpa em alguém é tido como mais fácil do que refletir sobre as próprias atitudes... Que vergonha!

"Samba-Lelê está doente,
Está com a cabeça quebrada.
Samba-Lelê precisava
De umas dezoito lambadas. "

"Impiedade! A moça, conhecida como Samba-Lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos mas ao
invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de dezoito lambadas! Essa música é claramente uma manipulação organizada pelas grandes indústrias e pelo governo. Incutindo a idéia de que a doença é algo errado que deve ser punido nas cabeças das crianças brasileiras. As grandes indústrias garantem que seus futuros empregados não lutem por direitos trabalhistas em caso de doença. A letra da música diz, em outras palavras, que um empregado doente deve aceitar ser demitido por justa causa!

"... O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.."

... como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio?

"O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.

O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar."

Desgraça, desgraça, desgraça!! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).

E olha que nem precisamos tocar as musicas ao contrário, as mensagens estão lá, diretas e obvias!


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