sábado, setembro 27, 2008
1 - Quem é canhoto pode prestar vestibular para Direito?
2 - Levar a secretária eletrônica para a cama é assédio sexual?
3 - Com a nova Lei Ambiental, afogar o ganso passou a ser crime?
4 - Dizer que gato preto dá azar é preconceito racial?
5 - Cabe Recurso Adesivo no absorvente da mulher ativa?
6 - Quantos quilos por dia emagrece um casal que optou pelo Regime Parcial?
7 - Qual a capital do estado civil?
8 - Pessoas de má fé são aquelas que não acreditam em Deus?
9 - Tem algum direito a mulher em trabalho de parto sem carteira assinada?
10 - Cabe relaxamento de prisão nos casos de prisão de ventre?
11 - Seria patrocínio o assassinato de um patrão?
12 - A gravidez da prostituta, no exercício de suas funções, caracteriza acidente de trabalho?
13 - A Marcha Processual tem câmbio manual ou automático?
14 - Se um motel funciona somente das 8 às 18 horas, podemos dizer que ali só ocorrem Transações Comerciais?
15 - Podemos dizer que a vida processual é cheia de autos e baixos?
16 - Provocar o Judiciário é xingar o juiz?
17 - Será que a Câmara dos Deputados possui flash automático?
18 - O filho do bispo Edir Macedo será um herdeiro universal?
19 - Para que ocorra um tiro à queima roupa é preciso que a vítima esteja vestida?
20 - Se enfiarmos o dedo na tomada de preços dá choque econômico?
21 - Quando uma prostituta usa uma camisinha durante o ato sexual, podemos dizer que ocorreu uma legítima defesa putativa?
22 - Qual a influência da macumba no despacho saneador?
23 - O infanticídio ocorre quando alguém dá para uma criança uma Fanta envenenada?
24 - O Superior Tribunal de Justiça tem esse nome porque fica no último andar do edifício?
25 - Analogia é a ciência que estuda a vida das anãs?
26 - Massa Falida é um bolo que não deu certo?
27 - Aplicação das Normas Jurídicas no Espaço ocorre quando há julgamento na lua?
28 - Leis Concretas são aquelas elaboradas por pedreiros?
29 - Testamento Cerrado é aquele em que os filhos herdam dos pais fazendas no anterior de Goiás e Mato Grosso?
30 - Bens Móveis são os fabricados em marcenarias?
31- O 'arroz com feijão' pode ser considerado uma receita pública?
32 - Direito Penal é aquele que trata das relações entre aves?
33 - Queimadura de terceiro grau é aquela que ocorre no curso universitário?
34 - Signatários são os caras que inventaram o horóscopo?
35 - Para que ocorra uma prisão de ventre é necessário haver flagrante?
36 - Nesse caso, cabe Habeas Corpus? Ou Intimus Gel?
terça-feira, setembro 16, 2008
AS COLHERES DE CABO COMPRIDO
Conta a lenda que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno.
Foram primeiro ao inferno.
Ao abrirem uma porta, o homem viu uma sala em cujo centro havia um caldeirão
de substanciosa sopa e à sua volta estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas.
Cada uma delas segurava uma colher, porém de cabo muito comprido, que lhes possibilitava alcançar o caldeirão, mas não permitia que colocassem a sopa na própria boca.
O sofrimento era grande.
Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o céu. Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia um caldeirão igual ao anterior, as pessoas em volta e as colheres de cabo comprido.
A diferença é que todos estavam saciados. Não havia fome, nem sofrimento.
"Eu não compreendo", disse o homem a Deus, "por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?"
Deus sorriu e respondeu:
"Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros".
Moral: temos três situações que merecem profunda reflexão:
Egoísmo: as pessoas no"inferno" estavam altamente preocupadas com a sua própria fome, impedindo que se pensasse em alternativas para equacionar a situação;
Criatividade: como todos estavam querendo se safar da situação caótica que se encontravam, não tiveram a iniciativa de buscar alternativas que pudessem resolver o problema;
Equipe: se tivesse havido o espírito solidário e ajuda mútua, a situação teria sido rapidamente resolvida.
Conclusão: dificilmente o individualismo consegue transpor barreiras.
O espírito de equipe é essencial para o alcance do sucesso.
Uma equipe participativa, homogênea, coesa, vale mais do que um batalhão de pessoas com posicionamentos isolados.
Isso vale para qualquer área de sua vida.
E, lembre sempre:
A alegria faz bem à saúde; estar sempre triste é morrer aos poucos.
sexta-feira, setembro 12, 2008
O despreparado... - por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 22.8.2008| 7h37m
Mais do que insolência, incitação à violência
Assim classifico as palavras do Presidente da República proferidas num palanque no interior do Ceará. Ele não se limitou a ofender com palavra de baixíssimo calão os estudantes brasileiros. Ele espalhou, pela enésima vez, o veneno da discórdia entre nós.
Lula tem o hábito de lançar pobres contra ricos, assim como de lançar negros
contra brancos. Ele nos dá o direito de pensar que gosta de nos ver desunidos, pois assim pensa que ficamos mais fracos e seu governo mais forte.
A maior prova de que o Brasil não é como ele descreve, é ele mesmo. Pobre, muito pobre, e mestiço, hoje é Presidente da República. O mérito é seu. A insensatez é nossa, de permitir que ele se dirija a nós com esse palavreado.
Ainda estamos esperando pela revolução na Educação prometida pelo Lula nas duas vezes em que tomou posse do Planalto. Não há de ser com a sopa de letrinhas que ele cita como a maior maravilha do mundo. Não é pelo
telhado que se começa uma casa, mas pelos alicerces.
A Educação Infantil, que compreende creches, escolas maternais, jardins de infância, e a Classe de Alfabetização, ocupa os 6 primeiros anos da criança. Todas as crianças brasileiras nascidas no ano 2000, por exemplo, se houvesse política educacional séria, já estariam inteiramente alfabetizadas e cursando a primeira série do ensino fundamental. Em 2015, poderíamos comemorar a primeira geração de brasileiros com o Ensino Fundamental completo.
Mas não. Primeiro foram cuidar dos doutores em potencial, para poder dizer nos palanques que não é só filho de rico que estuda em universidades, o que é uma falácia. E de que adianta formar doutores com o nível indigente de hoje? Advogados, médicos, engenheiros, até jornalistas, que afinal lidam com a palavra em seu dia a dia, mal sabem escrever! E há faculdades de medicina onde a anatomia é aprendida em livros ou na Internet...
Antes de ser doutor, é preciso saber ler, escrever, ser fluente, saber falar, e ter o direito de desenvolver um talento com o qual se tenha nascido. Em um país musical como o nosso, já pensaram se as escolas públicas oferecessem aulas de música, como em países civilizados acontece? Ou os belos resultados que teríamos nas Olimpíadas, se em cada escola houvesse ao menos uma quadra de esportes e uma piscina?
Não me venham dizer que a culpa não é só do Lula. É sim. Os outros, segundo
Lula, desde Cabral, só cuidaram da educação dos ricos. Cabia a ele, como chefe do Partido dos Trabalhadores, cuidar dos pobres, não é? E ele o que fez? Deu à Grande Indústria Universitária Brasileira uma chance e tanto de seus donos ficarem bilionários. Essa foi a grande reforma educacional da Era Lula.
Nos últimos meses, parece que finalmente chegaram à conclusão de que a
Escola Técnica é imprescindível. Em maio deste ano, o ministro Haddad declarou que "até 2010, estaremos inaugurando 150 escolas técnicas". Reparem bem: o Ministro da Educação utiliza linguagem marqueteira. "Estaremos inaugurando". "Inauguraremos", para ele, com certeza pega mal, é linguagem de &*&*&*.
A linguagem do Lula ofende a ele e aos seus. É prova de que faz parte de seu vocabulário diário essa palavrinha. Está tão habituado, que provavelmente nem e dá conta do que disse. O que nos incomoda, ou o que deveria nos incomodar, é esse seu péssimo hábito de jogar brasileiros contra brasileiros. Isso é maldade em estado puro.
Seus defensores, diria mais, seus seguidores, dirão que ele é bom, generoso, e que está defendendo os humildes. Não é o que parece. Nem o que está sendo feito no Brasil.
Dirão também que ele não teve tempo. Curioso... JK em 5 anos (uma lástima, a meu ver), construiu uma cidade. Londres, bombardeada sem piedade pela Luftwaffe, em 1950 já não mostrava as cicatrizes da guerra nas ruas. Mao aniquilou todo e qualquer resquício da cultura ocidental na China, inclusive proibindo o estudo dos grandes mestres da música clássica, como Bach ou Beethoven. Em menos de vinte anos, a China recuperou o tempo perdido e além de orquestras sinfônicas de peso, seus instrumentistas andam abiscoitando os primeiros lugares nos grandes concursos internacionais.
Não pensem que é com alegria que escrevo este texto. Ao contrário, é com muita tristeza. Saber que ainda vamos esperar não sei quanto tempo para ter uma geração completamente alfabetizada, é dorido. E ver o presidente estimular o aparecimento de um fosso instransponível entre nossos jovens, é pior ainda.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Quem Sou Eu?
Nesta altura da vida já não sei mais quem sou... Vejam só que dilema!!!
Na ficha da loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa INQUILINO, na condução PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado CONSUMIDOR.
Para a Receita Federal CONTRIBUINTE, se vendo algo importado CONTRABANDISTA. Se revendo algo, sou MUAMBEIRO, se o carnê tá com o prazo vencido INADIMPLENTE, se não pago imposto SONEGADOR. Para votar ELEITOR, mas em comícios MASSA, em viagens TURISTA, na rua caminhando PEDESTRE, se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE. Nos jornais viro VÍTIMA, se compro um livro LEITOR, se ouço rádio OUVINTE. Para o Ibope ESPECTADOR, para apresentador de televisão TELESPECTADOR, no campo de futebol TORCEDOR.
Se sou curinthiano, SOFREDOR. Agora, já virei GALERA. (se trabalho na ANATEL, sou COLABORADOR) e, quando morrer... uns dirão... FINADO, outros... DEFUNTO, para outros... EXTINTO, para o povão... PRESUNTO. Em certos círculos espiritualistas serei... DESENCARNADO, evangélicos dirão que fui...ARREBATADO.
E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL!!! E pensar que um dia já fui mais EU.
Luiz Fernando Veríssimo.
sexta-feira, setembro 05, 2008
NAQUELE DIA TOMEI UM TOMBO...
E APRENDI.
E assim, naquele dia que parecia como outro qualquer, meu mundo tornou-se cinzento.
E assim, naquele dia que parecia como outro qualquer, decidi que o meu maior triunfo seria sobre mim mesmo.
Aprendi que as quedas são estímulos para que aprendamos a levantar, com dignidade e com coragem.
Aprendi que para olhar o mundo, é preciso estar no chão. Eu só o conhecia do alto da minha arrogância.
Descobri que nunca tinha questionado se minhas ambições incluíam a ética.
Aprendi que nada nos acontece por acaso. Sempre há um “para que”.
Descobri as caras feias que eu estava vendo nada mais eram que meus reflexos em milhares de espelho.
Naquele dia descobri que meus rivais e meus desafetos eram apenas ameaças à minha insegurança. .
As sombras que me seguiam nada mais eram do que o reflexo negro da minha alma.
Descobri que carregava em mim um Ego muito maior que eu.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tenha sido.
Descobri que as minhas ambições eram fruto da minha enorme onipotência.
Naquele dia, deixei de ser um propagandista dos meus triunfos passados e passei a ser a minha luz do presente.
Aprendi também que de nada serve ser luz se não posso iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, deixei de ser o comercial do meu pseudoconhecimento e passei a aprender um pouco mais.
Aprendi também que de nada serve saber se não posso compartilhar e legar o conhecimento.
Que para multiplicar o pão de cada dia, é preciso dividi-lo.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim continuar a subida.
Aprendi que a vitória duradoura não vem de sopetão. Ela é conquistada por etapas. Eu subi rápido demais, alto demais!
Vi que na luta pelos meus objetivos, o maior é lutar. E que são os caminhos sofridos que nos amadurecem e domam.
Aprendi que posso fazer qualquer coisa e arcar com a responsabilidade das quedas.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde, e me importar simplesmente com quem faz.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade para aprender a achar soluções.
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de recomeçar
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Aprendi que as palmeiras altas e eretas nos dão uma lição de dignidade e postura, diante das intempéries da vida.
Aprendi que o melhor triunfo que posso ter é ter o direito de chamar alguém de "amigo".
Descobri que o amor é mais que um simples estado enamorado, “o amor é uma decisão de vida”.
Vi que não estava protegendo aqueles que eu amo. Quando o bem é precioso demais, todo zelo é pouco. E que eu não sou o bem mais precioso!
Aprendi que a compaixão não é sentimentalismo e sim humanidade.
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para fazer a realidade.
Aprendi que a imagem do inatingível é o que nos aciona para que o busquemos. Tudo para mim foi atingível!
E desde aquele dia já não durmo para descansar simplesmente... durmo para sonhar!
E desde aquele dia já não batalho para triunfar e sim para lutar no combate.
E desde aquele dia já não vivo mais para ganhar e sim para viver.
Para cair...
Para levantar...
Para continuar...
Para chorar...
Para perdoar...
Para respeitar...
Para amar...
... Para aprender e para decidir sobre quem eu quero ser.
quinta-feira, setembro 04, 2008
SEJA FELIZ E PRONTO... (Arnaldo Jabor)
A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre.
A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações,
dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
Ha ha ha ha ha ha ha ha!
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... A realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.
Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria.
Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus, confie e espere só NELE e pra relaxar que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios". "Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche".
Seja você mesmo sempre e VIVA A VIDA!!!!
quarta-feira, setembro 03, 2008
Esta mensagem é por meus avós que tanto amo...
Quando Me Tornei Invisível
Já não sei em que data estamos.
Lá em casa não há calendários
e na minha memória as datas estão todas misturadas.
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores, ilustradas com imagens dos santos que colocávamos no lado da penteadeira.
Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo.
E sem que ninguém desse conta,
eu me fui apagando também...
Primeiro me trocaram de quarto,
pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor ainda com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás.
Prometeram trocar o vidro quebrado da janela, porém se esqueceram, e todas as noites por ali circula um ar gelado que aumenta minhas dores reumáticas.
Mas tudo bem...
Desde há muito tempo tinha intenção de escrever, porém passava semanas procurando um lápis.
E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente: claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las, porém sempre desaparecem.
Noutra tarde dei-me conta que minha voz também tinha desaparecido.
Quando eu falo com meus netos ou com meus filhos não me respondem.
Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles, escutando atenta o que dizem.
Às vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer não ocorrera a nenhum deles, e de que lhes vai ser de grande utilidade.
Porém não me ouvem, não me olham, não me respondem.
Então cheia de tristeza me retiro para meu quarto e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito,
para que compreendam que estou aborrecida, para que se dêem conta que me entristecem e venham buscar-me e me peçam perdão…
Porém ninguém vem...
Quando meu genro ficou doente,
pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse, só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando… e junto com ele, meu coração...
Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse:
“Ainda estás viva vovó?”.
Eles acharam tanta graça, que não pararam de rir.
Três dias estive chorando no meu quarto, até que numa manhã entrou um dos rapazes
para retirar umas rodas velhas
e nem o bom dia me deu.
Foi então quando me convenci
de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver, se
me tornando um estorvo me
olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo
sem me tocar, os meninos correram
em minha volta, de um lado para o
outro, sem tropeçar em mim.
Um dia se agitaram os meninos, e me vieram dizer
que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente.
Fazia tanto tempo que não saía e mais ainda ia ao campo!
No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós os velhos tardamos muito em fazer qualquer coisa, assim que adiantei meu tempo para não atrasá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre,
permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham
partido e o auto desapareceu
envolto em algazarra, compreendí
que eu não estava convidada,
talvez porque não coubesse no
carro...
...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais caminhassem a seu gosto pelo bosque.
Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente
tem que engolir a vontade de chorar.
Eu os entendo, eles vivem o mundo deles.
Riem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam.
E eu, já nem sinto mais
o gosto de um beijo.
Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme tê-los em meus braços, como se fossem meus.
Sentia sua pele tenrinha e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade
de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.
Porém um dia minha neta
Laura, que acabava de ter
um bebê disse que não era
bom que os anciãos
beijassem aos bebês,
por questões de saúde...
Desde então já não me aproximo deles, não quero lhes passar algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los !
Eu os bendigo a todos e lhes perdôo, porque...
“Que culpa eles têm de que eu tenha me tornado
i n v i s í v e l ?”